14 de ago. de 2013

Resenha "A ética protestante e o espírito do capitalismo" Marx Weber



Marx Weber no seu ensaio “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, tem por objetivo a reflexão sobre o impacto que os motivos religiosos tiveram no desenvolvimento da nossa cultura moderna. E até que ponto esses motivos religiosos contribuíram para a expansão do espírito do capitalismo mundo afora. Weber tenta mostrar o significado que o racionalismo ascético teve para o conteúdo da ética político-social, para o modo de funcionamento e de organização das comunidades sociais. Um novo objeto de análise estava sendo feito, o capitalismo, não como economia ou modo de produção, mas como “espírito”, a cultura capitalista moderna. O espírito do capitalismo vivenciado pelas pessoas na condução da vida de todo dia, como conduta de vida.
            Benjamim Franklin, com suas advertências morais: “Lembra-te que tempo é dinheiro”, “Lembra-te que crédito é dinheiro”, “Lembra-te que dinheiro é procriador por natureza e fértil”; ”Lembra-te que um bom pagador é senhor da bolsa alheia”; são de utilidades, pois a honestidade, a pontualidade, a presteza, e a frugalidade trazem crédito, por isso são virtudes. E o excesso de virtude aos olhos de Franklin, seria um desperdício improdutivo. A ideia de profissão como dever, é uma obrigação que o indivíduo deve sentir, seja qual for sua atividade profissional, essa é a ideia característica da ética social da cultura capitalista. O capitalismo não pode empregar operários indisciplinados, assim como não pode lhe servir homens de negócios cujo comportamento externo for sem escrúpulos. O obstáculo encontrado pelo espírito do capitalismo, no qual teve de lutar, foi o tradicionalismo, um estilo de vida formado por normas e falhado a ética.
            Nesse tradicionalismo o homem não quer só ganhar dinheiro e mais dinheiro, ele quer viver, ganhar o necessário para viver, conforme está habituado. A capacidade de concentração mental, um rigoroso espírito de poupança, um severo domínio de si e uma sobriedade, elevam a produtividade, é uma oportunidade de superar a rotina tradicionalista, em consequência da educação religiosa. A questão aqui é o conceito de vocação. Vocação seria aquilo que o homem tem de aceitar como missão, missão essa dada por Deus, segundo Lutero.
            A doutrina da predestinação, não havia meios que proporcionasse a graça divina a quem Deus houvesse dedicado negá-la. Constitui o individualismo e coloração pessimista, ainda hoje percute no caráter nacional e nas instituições dos povos com passado puritano. Como a pessoa sabia que era um eleito? Para Calvino, devemos nos contentar com o decreto de Deus e perseverar na confiança em Cristo, operada pela verdadeira fé. A vida de Lutero tendia para a cultura mística do sentimento, já Calvino sua vida religiosa tendia para a ação ascética. O protestantismo ascético oferece a fundamentação coerente da ideia de vocação profissional. Não há tempo para o prazer e o ócio, só serve a ação, o tempo é muito valioso e cada hora perdida é trabalho subtraído ao serviço da glória de Deus. Com o aguçamento da significação ascética da profissão estável transfigura o moderno homem especializado, e a interpretação das oportunidades de lucro, transfigura o homem de negócios.
            A ascese protestante estrangulou o consumo, o luxo, rompeu as cadeias da ambição de lucro, resultando a acumulação de capital mediante coerção ascética à poupança. Weber conclui que seria preciso analisar a relação entre racionalismo ascético e o racionalismo humanista, seus ideais de vida e suas influencias culturais. Acompanhar a historia de uma ascese intramundana até a sua dissolução no puro utilitarismo. Enfim, só assim se poderia tirar a significação cultural do protestantismo ascético comparado com outros elementos que modelam a cultura moderna.

 Jaciene Machado

Referência
WEBER, Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia das letras, 2004.

           

Nenhum comentário:

Postar um comentário