12 de dez. de 2013
22 de out. de 2013
Filme Ágora, no Brasil traduzido para Alexandria
Alexandria
é um filme que se passa no Egito e conta a história de Hipátia, uma mulher que
dedica a vida ao estudo e ensino de filosofia, matemática e astronomia, no
filme sua principal preocupação é com o movimento da terra entorno do sol, a
mesma é a única personagem feminina do filme. Hipátia ensina em Alexandria,
junto à biblioteca, entre seus alunos se destacam Orestes e Sinésius. Orestes é
apaixonado por Hipátia, amor não correspondido por ela e Sinésius é adepto ao
cristianismo. O filme trata do conflito religioso entre judeus e cristãos.
Hipátia
possui um escravo fiel, Davus, também apaixonado por ela, capaz de fazer
qualquer coisa por sua senhora. Hipátia não pensava em vida amorosa ou muito
menos em casar-se e ter filhos, somente queria saber da ciência e pagou caro
por isso. Após conflitos e mortes entre judeus e cristãos, os cristãos se
apoderaram da situação, destruíram a biblioteca de Alexandria, os deuses e
cultura dos grego-romanos. Os moradores para viverem tiveram que se converter
ao cristianismo. Orestes tornou-se cristão, e o prefeito da cidade, já o
escravo Davus foi liberto por Hipátia e vivia no conflito entre a religião e
sua paixão. Sinésius tornou-se bispo de Sirene.
Hipátia
continuou com seus estudos e era a melhor amiga de Orestes, por motivos de
enfraquecer Orestes, o líder religioso do cristianismo o atingiu atacando
Hipátia, ela foi acusada de ser atéia e bruxa. Como Hipátia preferiu ficar com
sua filosofia, ela foi morta por cristãos. Na verdade por seu fiel Davus que na
tentativa de minimizar sua dor a mata antes dos irmãos a apedrejarem.
Em
suma, Alexandria é uma narração de conflitos religiosos, onde cada religião
segue suas doutrinas como corretas e são capazes de matar e morrerem em nome de
seus superiores, em nome de seu Deus. E mostra como a mulher era vista, o
pensamento do cristianismo sobre a mulher, e como ela não tinha vez e nem voz,
mesmo mulheres como Hipátia.
19 de out. de 2013
18 de out. de 2013
6 de out. de 2013
2 de out. de 2013
23 de set. de 2013
21 de set. de 2013
20 de set. de 2013
17 de set. de 2013
Resenha Capitalismo e Urbanização - Maria Encarnação Beltrão Sposito
No livro “Capitalismo e
urbanização”, Maria Encarnação Beltrão Sposito trata dos agrupamentos humanos
desde a antiguidade, passando pela idade média até chegar aos dias atuais.
Sposito fala em uma linguagem clara e acessível dos problemas do urbano,
principalmente dos países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil, que
estão amarrados às economias de países desenvolvidos.
A urbanização
pré-capitalista dar-se início no período paleolítico quando o homem ainda era nômade,
mas se preocupava com os mortos, dando a eles uma moradia fixa. O homem mesmo
sendo nômade, tinha uma relação intensa com a caverna, pois era o lugar onde
ele buscava abrigo. O período mesolítico
é de fundamental importância para o surgimento das cidades, pois o homem passou
a plantar e domesticar animais, tendo que ocupar uma área permanentemente para
acompanhar o ciclo natural de animais e produtos agrícolas.
O período neolítico foi
marcado pela vida estável nas aldeias com condições melhores, as aldeias
precedem a cidade, mas não podem ser consideradas cidades. Para haver as
cidades tinha que existir uma organização social, só possível com a divisão do
trabalho. O homem pode se dedicar a outras atividades, pois passou a ter alimentos
além da subsistência, e com a divisão do trabalho o caçador passou a ser o
protetor das aldeias, com a evolução tornou-se chefe político e depois o rei. A
relação denominação entre aldeões e caçador-chefe, político-rei, criou a
exploração, e passou-se a pagar tributos.
Originando a sociedade
de classes, materializa a última e necessária condição à origem das cidades. A
origem das primeiras cidades não é precisa, mas provavelmente surgiram perto de
3500 a.c, na Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, tendo surgido depois
no vale no rio Nilo (3100 a.c), surgindo no vale no rio Indo (2500 a.c) e no
rio Amarelo (1500 a.c). A origem do urbano está no social e no político.
Os impérios antigos
contribuíram para a urbanização porque tiveram um papel fundamental no aumento
do número de cidades, na expansão da divisão do trabalho. Cinco pontos marcaram
a organização social e a urbanização na antiguidade: a especialização do
trabalho, espaço de dominação política, aumento crescente da capacidade de produção
e de distribuição alimentares, a escrita e o centro era o lugar das
instituições sociais, do poder político e das elites ociosas. O início do
período medieval foi marcado pela queda do império Romano, no século V, onde o
trabalho volta para o campo.
A urbanização sob o
capitalismo é onde a cidade nunca fora um espaço tão importante e a urbanização
em processo tão expressivo e extenso a nível mundial, como a partir do
capitalismo. O urbano renasce tendo base territorial no próprio aglomerado medieval,
que não possuía caráter urbano. A industrialização é um processo mais amplo,
que marca a idade contemporânea, e se caracteriza pelo predomínio da atividade
industrial sobre as outras atividades econômicas.
O rápido crescimento populacional
gerou uma procura por espaço, os ricos foram abandonando o centro, surgindo os
bairros de luxo e os bairros pobres. A terceira fase do desenvolvimento
capitalista foi o capitalismo monopolista. A cidade hoje é o lugar onde se
reúnem as melhores condições para o desenvolvimento capitalista, e o campo está
concentrado as plantações, criação de gado e as indústrias com as monoculturas.
Em suma, com o
surgimento das cidades veio a urbanização, os problemas urbanos, a indústria, o
capitalismo e o sistema no qual vivemos atualmente.
SPOSITO, Maria
Encarnação Beltrão. Capitalismo e urbanização.
6 de set. de 2013
31 de ago. de 2013
15 de ago. de 2013
Resenha - Fundação Francesa de São Luís e seus Mitos - Maria de Lourdes Lauande Lacroix
No seu texto “A fundação francesa de São
Luís e seus mitos” Maria de Lourdes Lauande Lacroix professora aposentada dos
departamentos de história das Universidades Federal do Maranhão (UFMA) e
Estadual do Maranhão (UEMA), trata das duas formas de interpretação da fundação
de São Luís capital do Maranhão. A histórica:
Baseada na figura do português, encontrada nos registros de cronistas e
historiadores portugueses, na fase colonial, e até brasileiros, já no período
nacional. E a mítica: Mais recente, centrada na figura do francês, a partir de
fins do século XIX.
As
duas questões principais a respeito do tema abordado por Lacroix são: O que teria levado os ludovicenses à ideia da
origem francesa da cidade, sendo esta desde o início lusitana? O que terá
ocorrido na memória histórica da cidade para que os franceses deixassem de ser considerados
“invasores” e passarem a ser vistos como “fundadores”? Em 26 de julho de 1612
os franceses chegaram ao Maranhão. O projeto da França equinocial, nome esse
dado ao projeto da fundação de São Luís pelos franceses era de fundar uma
frança no Brasil, que São Luís se tornasse um pedaço da França.
Ao chegar à ilha de Upaon-Açu os
franceses visto que foram bem recebidos pelos nativos, trataram logo de fazer
palhoças para a acomodação, alguns preferiram ficar nas aldeias junto com os
nativos, e começaram os preparativos para a cerimônia religiosa, costume ao
chegar a terra desabitada. O lugar escolhido, estratégico, onde foi montada a
artilharia trazida com a esquadra, recebeu o nome de Forte de Saint-Louis, em
homenagem a Luis XIII. Não se foi referido a nenhuma edificação mais sólida,
além das construções de pau-a-pique, o que nos leva a criticar essa fundação
francesa de São Luís. “A ausência de construções definitivas pode ser talvez
justificada pela insegurança da propriedade da terra, pela prioridade de duas
frentes de trabalho o reconhecimento da região através de expedições
exploratórias e a solidificação da amizade com os nativos, tarefa missionária
dos capuchinhos - ou por concordarem ser precoce a escolha para a sede da
sonhada França Equinocial”. (LACROIX, p.30, 2008).
O fim do projeto deu-se com a
chegada dos portugueses, travando assim a batalha de Guaxenduba, sendo esta
travada no fatídico dia 19 de novembro de 1614, com a derrota dos franceses,
apesar de seus sete navios, quarenta e seis canoas, mais de trezentos franceses
e cerca de dois mil índios. A vitória dos portugueses abateu os franceses, surgindo
assim o tratado de paz, que dava a propriedade das terras para os portugueses.
Sendo ocupado o Forte de Saint Louis, assim como toda a região, deu-se a
reintegração do Maranhão aos lusitanos, no dia 2 de novembro de 1615.
O curto tempo de três anos de
permanência da expedição francesa no Maranhão, de 26 de julho de 1612 a 02 de
novembro de 1615, os impossibilitou de deixar grandes marcas. “Os únicos sinais
de ocupação francesa são: o local onde aportaram e posteriormente escolhido
pelos lusitanos para a construção da cidade de São Luís; as improvisadas
capelas, melhoradas pelos missionários portugueses e tornadas núcleos
religiosos, perdurados até nossos dias; e o nome do Forte de São Luís,
transposto pelos portugueses para a cidade”. (LACROIX, p.37, 2008).
Por todo o século XX a origem
francesa permaneceu na memória do ludovicense que faz questão de passar de
geração para geração a fundação de São Luís pelos franceses e não pelos
portugueses, como ocorreu com a maioria das cidades brasileiras. A elite
ludovicense repete com orgulho essa fundação francesa de São Luís, Lacroix
ressalta que é interessante saber se é um sentimento antigo que, hibernado, perpassou
os séculos e só emergiu mais recentemente ou essa versão da fundação de São
Luís pelos franceses surgiu no início do século XX.
No chamado século do galicismo, o Maranhão encontrava-se em uma boa posição econômica, o que resultou em uma
elevação cultural, modificação da sociedade maranhense, e no âmbito
intelectual. A elite maranhense absorveu os modelos franceses, resultando em
uma singularidade da província. O modelo de educação estava centrado nos
retorno dos jovens que foram estudar na Europa e trouxeram novas ideias, os
costumes foram se modificando, as boas maneiras passaram a serem praticadas, no
vestuário passou-se a copiar modelos franceses, os comerciantes traziam roupas
e acessórios atuais para venda. Tomou-se conhecimento do gosto refinado na
culinária, no vocabulário palavras francesas passaram a fazer parte do diálogo
maranhense.
No ambiente cultural o teatro era
preferido pela elite, à classe dominante maranhense assimilou os hábitos,
costumes europeus, cultivando também mais as artes e as letras. Somente em 1823
o Maranhão integrou-se ao Brasil, desvinculando-se do jugo português, o
ludovicense não se sentia brasileiro. A riqueza nas letras, com ilustres
jornalistas, poetas, escritores, estudiosos e intelectuais rendeu ao Maranhão o
cognome de Atenas Brasileira, essa ideia foi aceita pelos menos favorecidos, e
o Maranhão em seu declínio econômico e cultural, por varias décadas foi nutrido
por este orgulho. As marcas lusitanas que não podem ser apagadas estão por toda
São Luís, os casarões, os sobrados, os azulejos, os nomes de ruas que até hoje
são os mesmos, importação de mantimentos de Portugal, a música e o folclore
maranhense, que trazem forte acento português. O maranhão tem muito mais do
português do que do francês.
Perguntas que nos fazemos: Por que,
quando e como foi se reproduzido a ideia de excluir a ação lusitana da fundação
de São Luís? De quando esta data este orgulho de São Luís ter sido fundada
pelos franceses? Por que no Maranhão, essa influência levou ao culto da
fundação de São Luís pelos franceses? Sabemos que os franceses em São Luís não
deixaram seus costumes, usos e nem outras quaisquer influencias. Foram
conservados somente os marcos iniciais da parte urbana, o nome do Forte de São
Luís, que os portugueses transferiram para a capital do Maranhão e alguns
núcleos religiosos.
Em virtude de tudo isso, o que se
pode pensar é que a elite maranhense faz questão de frisar essa passagem
francesa pelo Maranhão com o fator diferenciador das outras cidades, dando
ênfase a essa identidade singular, que passou de geração para geração atingindo
não só a leite, mas a todas as camas da sociedade maranhense, apesar da
evidente lusitanidade de suas origens e tradições.
Jaciene Machado
Referências
LACROIX, Maria
de Lourdes Lauande. A fundação Francesa de São Luís e seus Mitos. São Luís:
Editora UEMA, 2008. 3ª edição revisada e ampliada.
LACROIX, Maria
de Lourdes Lauande. Jerônimo de Albuquerque Maranhão: guerra e fundação no
Brasil Colonial. São Luís, UEMA, 2006.
SEED,
Patrícia. Cerimônias de pose na conquista européia do novo mundo (1492/1640).
Tradução Lenita R. Esteves. – São Paulo: Editora UNESP, 1999.
14 de ago. de 2013
Resenha "A ética protestante e o espírito do capitalismo" Marx Weber
Marx
Weber no seu ensaio “A ética protestante e o espírito do capitalismo”, tem por
objetivo a reflexão sobre o impacto que os motivos religiosos tiveram no
desenvolvimento da nossa cultura moderna. E até que ponto esses motivos
religiosos contribuíram para a expansão do espírito do capitalismo mundo afora.
Weber tenta mostrar o significado que o racionalismo ascético teve para o
conteúdo da ética político-social, para o modo de funcionamento e de
organização das comunidades sociais. Um novo objeto de análise estava sendo
feito, o capitalismo, não como economia ou modo de produção, mas como
“espírito”, a cultura capitalista moderna. O espírito do capitalismo vivenciado
pelas pessoas na condução da vida de todo dia, como conduta de vida.
Benjamim Franklin, com suas
advertências morais: “Lembra-te que tempo é dinheiro”, “Lembra-te que crédito é
dinheiro”, “Lembra-te que dinheiro é procriador por natureza e fértil”;
”Lembra-te que um bom pagador é senhor da bolsa alheia”; são de utilidades,
pois a honestidade, a pontualidade, a presteza, e a frugalidade trazem crédito,
por isso são virtudes. E o excesso de virtude aos olhos de Franklin, seria um
desperdício improdutivo. A ideia de profissão como dever, é uma obrigação que o
indivíduo deve sentir, seja qual for sua atividade profissional, essa é a ideia
característica da ética social da cultura capitalista. O capitalismo não pode
empregar operários indisciplinados, assim como não pode lhe servir homens de
negócios cujo comportamento externo for sem escrúpulos. O obstáculo encontrado
pelo espírito do capitalismo, no qual teve de lutar, foi o tradicionalismo, um
estilo de vida formado por normas e falhado a ética.
Nesse tradicionalismo o homem não
quer só ganhar dinheiro e mais dinheiro, ele quer viver, ganhar o necessário
para viver, conforme está habituado. A capacidade de concentração mental, um
rigoroso espírito de poupança, um severo domínio de si e uma sobriedade, elevam
a produtividade, é uma oportunidade de superar a rotina tradicionalista, em
consequência da educação religiosa. A questão aqui é o conceito de vocação.
Vocação seria aquilo que o homem tem de aceitar como missão, missão essa dada
por Deus, segundo Lutero.
A doutrina da predestinação, não
havia meios que proporcionasse a graça divina a quem Deus houvesse dedicado
negá-la. Constitui o individualismo e coloração pessimista, ainda hoje percute
no caráter nacional e nas instituições dos povos com passado puritano. Como a
pessoa sabia que era um eleito? Para Calvino, devemos nos contentar com o
decreto de Deus e perseverar na confiança em Cristo, operada pela verdadeira
fé. A vida de Lutero tendia para a cultura mística do sentimento, já Calvino
sua vida religiosa tendia para a ação ascética. O protestantismo ascético
oferece a fundamentação coerente da ideia de vocação profissional. Não há tempo
para o prazer e o ócio, só serve a ação, o tempo é muito valioso e cada hora
perdida é trabalho subtraído ao serviço da glória de Deus. Com o aguçamento da
significação ascética da profissão estável transfigura o moderno homem
especializado, e a interpretação das oportunidades de lucro, transfigura o
homem de negócios.
A ascese protestante estrangulou o
consumo, o luxo, rompeu as cadeias da ambição de lucro, resultando a acumulação
de capital mediante coerção ascética à poupança. Weber conclui que seria
preciso analisar a relação entre racionalismo ascético e o racionalismo humanista,
seus ideais de vida e suas influencias culturais. Acompanhar a historia de uma
ascese intramundana até a sua dissolução no puro utilitarismo. Enfim, só assim
se poderia tirar a significação cultural do protestantismo ascético comparado
com outros elementos que modelam a cultura moderna.
Jaciene Machado
Referência
WEBER,
Max. A ética protestante e o “espírito” do capitalismo. São Paulo: Companhia
das letras, 2004.
3 de jul. de 2013
Resenha - A sociedade dos indivíduos - Norbert Elias
Norbert Elias no livro “A sociedade dos indivíduos”, “parte III- mudanças na balança nós - eu”, busca fazer uma análise na relação entre indivíduo e sociedade. Através de uma sociologia processual e histórica. O que é o indivíduo? E a sociedade? Como acontece essa relação indivíduo e sociedade?
Segundo Elias, “atualmente a função primordial do termo indivíduo consiste em expressar a ideia de que todo ser humano do mundo é, em certos aspectos, diferente de todos os demais, e talvez deva sê-lo”. “O conceito de sociedade costumava referir-se, implicitamente, às sociedades organizadas como Estados, ou talvez como tribos” (ELIAS, p.132, I987)
Norbert Elias tenta explicar essa relação indivíduo e sociedade a partir de um processo de desenvolvimento da humanidade, desde a era primitiva, medieval, até o período contemporâneo. Os conceitos foram se aprimorando de acordo com o tempo, a relação entre indivíduo e sociedade, modifica-se de modo característico. Cada indivíduo possui sua identidade – eu, e sua identidade – nós, em algumas sociedades e dependendo do tempo, uma prevalece mais que a outra.
Nos países ditos em desenvolvimento, as pessoas são mais ligadas à família, a identidade – nós, visto que nos países desenvolvidos, a identidade – eu, é quem prevalece. Elias faz até uma crítica com relação a chamar um país de “em desenvolvimento”, será que os países desenvolvidos não estão sempre em constante desenvolvimento?
O homem contemporâneo, involuntariamente, sem perceber coloca uma barreira entre ele e o homem “primitivo”, quando usa expressões como “homem das cavernas”, querendo ou não, ele se acha melhor por causa do conhecimento por ele obtido. Apresentando certo egoísmo. Norbert Elias cita o habitus, que Bourdieu o denomina como a relação entre as práticas do cotidiano e as condições de classe produzidas por uma sociedade. Na visão de Elias é um saber acionado à vida em sociedade, ou seja, uma segunda natureza.
O habitus, desenvolvido pelo sociólogo francês Pierre Bourdieu, “Esse habitus, a composição social dos indivíduos, como que constitui o solo de que brotam as características pessoais mediante as quais um indivíduo difere dos outros membros de sua sociedade”. (ELIAS, p.150, 1987). Em suma, Norbert Elias busca fazer um equilíbrio na relação nós – eu, dentro das mudanças ocorridas durante o desenvolvimento histórico da sociedade.
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos: mudanças na balança nós – eu (1987). Rio de Janeiro: Zahar, 1994.
26 de jun. de 2013
25 de jun. de 2013
24 de jun. de 2013
Resumo - Cidadania e cultura no tempo
Nos textos “O modo de navegação social: A malandragem e o jeitinho” e “ A casa, a rua e o trabalho” do livro “O que faz o brasil, Brasil?” de Roberto DaMatta e os textos de José Murilo de Carvalho, “Brasileiro: cidadão?” e “Cidadania a porrete” do livro “Pontos e bordados, escritos de história política”, trazem características históricas e culturais que influencia sobre uma compreensão e uma prática de cidadania no Brasil.
Temos em nossa sociedade um sistema de ordem mais conhecido como leis, que não são cumpridas, e muitas vezes sua aplicação só é executada para garantir os direitos de uma parte pequena da sociedade, ou por falta de conhecimento a respeito delas ou por que preferem cada qual criar seu método de se beneficiar das mesmas. Nosso país é constituído por características, que tornam difícil a compreensão e interpretação do processo evolutivo do mesmo, através da questão: brasileiro: cidadão? Colocada por José Murilo de Carvalho, ele busca apresentar como se deu no Brasil a construção dos direitos políticos, civis e sociais e relata também a eficácia na aplicação e comprimento das mesmas por nós brasileiros ou cidadãos.
No Brasil os direitos políticos vieram primeiro, depois os direitos cívicos e por último os direitos sociais. Os direitos políticos estão nas constituições, somos um país democrático, um país de todos, democracia essa onde o voto é obrigatório. Os direitos cívicos têm: a liberdade, a igualdade perante a lei, a propriedade. E os direitos sociais têm: a proteção, saúde do trabalhador, a aposentadoria, seguro desemprego. Em nosso país as coisas aconteceram de uma forma inversa em relação a outros países, o Brasil está sempre tentando copiar os países desenvolvidos, trazendo o que da certo no exterior, mas não se pergunta se o país é igual, e se a sociedade é igual.
Dentro desse mesmo contexto, surge DaMatta, antropólogo, que através de seu livro O que faz brasil, Brasil? Trás a relação do brasileiro com comprimento das leis, e de como o sujeito (indivíduo) usa seus laços de relações pessoais para resolver seus problemas de impossibilidade diante das leis, este costume é classificado por DaMatta em três características: malandragem, jeitinho e você sabe com quem esta falando? No Brasil aprendeu-se que tudo pode se não pode sempre se dar um “jeitinho”, aquele típico brasileiro, isso vem desde a colonização, onde eu te ajudo, se você também me “quebrar um galho”. Todo brasileiro tem um malandro dentro de si, nas horas precisas, nos apertos da vida, ele é acionado.
A história do Brasil é construída em cima disso, da malandragem, do “jeitinho”, do me ajuda, que eu te ajudo, e do eu conheço alguém lá de dentro. O brasileiro se auto elege superior aos demais quando possui um bom emprego, um bom cargo, um bom estudo, fazendo com que quando questionado sobre suas atitudes, fale aquela velha conhecida frase: “Você sabe com quem está falando?”. Estas três características, segundo DaMatta representam a realidade da complexibilidade que é o estabelecimento da cidadania dentro da sociedade brasileira.
Entre nós, porém, se encontra outro dilema, que seria a relação complexa que se estabelece entre “A casa, a rua e o trabalho”. Somos de um sistema social, que até poucos anos atrás era caracterizado pelo trabalho escravo, tornando-se difícil uma compreensão exata, sobre este ato de relação humana que seria o trabalho. Não só espaços físicos, a casa, a rua e o trabalho, são formas de analisar e interpretar o desenvolvimento da cidadania no contexto social.
Estes autores apresentam algumas características tanto históricas quanto culturais que nos possibilitam uma compreensão com relação à interpretação e a prática da cidadania no Brasil. Esse modo de ser cidadão no Brasil está enraizado, faz parte da cultura brasileira, foi ensinado dessa forma, se aprendeu dessa forma, que cidadão é aquele que paga seus impostos, e por isso faz o que bem entender. José Murilo de Carvalho traz este exemplo, denominando a sociedade em três categorias que seriam: o doutor, o crente e o macumbeiro. O cidadão visto como de primeira classe é o doutor, o que tem dinheiro, assim desde os primórdios, quem tem maior capital, melhor é visto. O crente é visto como o trabalhador assalariado, não tem os mesmos direitos do doutor, mas tem a dúvida. Já o macumbeiro representa uma boa parte da população, são os camelôs, trabalhadores sem carteira assinada, moradores de rua, a eles resta à culpa. Aquela política de que todos são iguais, quando na verdade alguns são mais iguais do que os outros. Onde é evidenciada claramente a realidade da desigualdade que existe em nosso país.
O ponto de partida para essa discussão, segundo José Murilo de Carvalho, seria a dificuldade em estabelecer dentro do desenvolvimento complexo de nosso país, uma ordem lógica de esclarecimento sobre o respectivo surgimento dos direitos e como se classificam em ordem linear. Pois sabemos que apesar da plena existência destas leis no Brasil, isso não garante plenitude em sua aplicação no meio social. Devemos analisar de modo crítico o porquê de tal indiferença com as classes baixas da população brasileira? O porquê de tais leis não terem a mesma eficácia nas diferentes classes sociais do Brasil? Tais questionamentos ficam sem resposta dentro do que DaMatta denomina como gramática social do Brasil, onde o famoso jeitinho brasileiro, a malandragem, e por último, você sabe com quem está falando? Para DaMatta, estes seriam o modo como as leis dentro do território brasileiro têm sua aplicação, que é através de relações pessoais, onde cada um encontra a melhor saída para os seus problemas.
A culpa é de quem por termos um país onde à compreensão e a prática de ser cidadão ocorre dessa forma? A resposta está nos acontecimentos, decorre de fatos históricos e culturais do país. Sempre alguém botando a culpa em alguém. Como pode um indivíduo que aprendeu que tudo se resolve na paulada, no porrete, que quanto mais apanha, é que ele compreende o que é ser cidadão brasileiro, saber reivindicar seus direitos e seus deveres?
Tanto DaMatta, quanto José Murilo de Carvalho trazem em seus questionamentos, tentativas de compreender o porquê da cidadania brasileira se encontrar em tal declínio, onde o cumprimento das leis está relacionado, a colocação deste indivíduo dentro da divisão de classese não ao ato cometido por este. Este fato pode demonstrar que em nosso país desenvolveu-se apenas os direitos políticos, deixando de lado os direitos civis, talvez seja o fato mais relevante para a falta de democracia em nosso país.
Em virtude disso, nos encontramos diante de vários questionamentos, que buscam interpretações e esclarecimentos a respeito do projeto de cidadania existente em nosso país. Com base nesses dados, desejamos que se estabeleça em nosso país um senso coletivo, que procure fortalecer o processo que envolve a formação do brasileiro em cidadão.
Jaciene Machado e Edinéia Silva Alves
Referências:
CARVALHO, José Murilo de. Pontos e bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.
DAMATTA, Roberto. O que faz o brasil, Brasil? Rio de Janeiro: Rocco: 1986.
Resenha - Evolucionismo Cultural – Frazer
Frazer no seu trabalho “O escopo da Antropologia Social”, trata da distinção entre sociologia e antropologia social. Eque a definição da antropologia social, é dividida em dois departamentos: estudo da selvageria e estudo do folclore (superstições).
Segundo Frazer a sociologia deve ser reservada para o estudo da sociedade humana. Enquanto a antropologia social deve compreender a história das sociedades primitivas a partir da sociedade civilizada. Para compreendermos como era o homem primitivo, temos que conhecer o que é o homem selvagem de hoje, mas sabendo que o selvagem de hoje é primitivo em comparação conosco, com a cultura das nações civilizadas, e não querendo dizer que eles são iguais ao homem primevo.
Para a antropologia social os ancestrais das nações civilizadas um dia foram selvagens, e que transmitiram aos seus descendentes suas culturas. “O estudo da vida selvagem é uma parte muito importante da Antropologia Social”. (FRAZER, 1908). Frazer partindo pra o estudo do folclore, sobrevivências de ideias e práticas primitivas entre povos que elevaram a planos mais elevados de cultura, percebe que essas sobrevivências estão presentes nas nações civilizadas, ele cita como exemplo, o caso da mulher inglesa que morreu de tétano porque passou o remédio no prego que a havia ferido, em vez de na própria ferida. Esse tipo de crença foi transmitido por ancestrais aos seus descendentes por gerações, que torna essas pessoas civilizadas aparentemente, mas não na realidade.
Neste estudo sobre as superstições Frazer percebe que elas são transmitidas, não serão necessariamente da mesma forma, porque elas vão sendo aprimoradas, mas elas existirão enquanto houver para quem transmitir. A lei existe para todos e todos são iguais perante a lei, mas os homens não são iguais em sua essência, por isso as superstições existem.
Em suma, Frazer diz que existem pessoas que vão manipular outras pessoas, que sempre existirão aqueles que se destacam entre a massa débil. “(...) Como regra, os homens de mais aguda inteligência e com mais fortes caracteres lideram o resto e dão feitio ás formas nas quais, pelo menos na aparência, a sociedade é moldada (...) Na realidade, disfarcemo-lo como quisermos, o governo da humanidade é sempre, e em todo lugar, essencialmente aristocrático’. (FRAZER, 1908).
Jaciene Machado
Referência
FRAZER, James George. O Escopo da Antropologia Social. In: Castro, Celso. Evolucionismo Cultural: textos de Morgan, Tylor e Frezer. Tradução: Maria Lúcia de Oliveira. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed, 2005.
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