18 de nov. de 2009
A necessidade de encarar o Bicho-papão.
Eu nunca tive problemas com o Bicho-papão. Mas minha irmã caçula, sim. Ela passou meses sem dizer nada. Toda noite ia dormir na minha cama, por causa de uma lagartixa, pernilongo ou pesadelo. Comecei a desconfiar e um dia descobri: era um monstro que vivia dentro do armário.
“Você vai ter que encarar esse monstro”.
“Não”.
“Vai”.
“Não”.
“Vai. Vamos lá”.
As portas do armário estavam fechadas.
“Ai... To com medo...”.
“Para como isso! Eu vou abrir o armário e você vai olhar. Não vai ter nada lá dentro”.
Coloquei as mãos nos puxadores e olhei para trás. Ela tinha fechado os olhos.
“Abra os olhos!”.
Esperei um pouco. Encostei o ouvido na porta do armário.
“Ouviu?”, ela perguntou.
“Ele tem a respiração pesada?”.
“Tem!”.
“Hum...”.
“Vamos embora”.
“Não. Fica aí e abra os olhos”.
Esperei mais um pouco, para pegar coragem.
“Vai ser rápido. Eu abro e você olha. É para olhar, hein!”.
“Tá. Abre logo, então”.
Escancarei as portas e dei de cara com a criatura mais horrenda que já vi na vida. Saí correndo, aos berros, tropeçando nas escadas e só parei de correr quando alcancei o quintal.
“Eu avisei...”.
Vitória dela.
Conto de Índigo (Cobras em compota).
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